esse é um vaso de planta frutífera! pode levar os frutos que vc colher para casa :)
Em uma das suas aulas sobre escrita criativa, Brandon Sanderson falou uma frase que nunca mais saiu da minha cabeça:
Se você chamar dez escritores e fizer uma pergunta qualquer sobre escrita, vai receber dez respostas diferentes (algumas contraditórias).
Isso me impactou muito. Eu ainda estava engatinhando no mundo da escrita. Aceitava as dicas que eu via na internet como regras que deveriam ser obedecidas. Para mim, aquele comentário abalou o que eu achava que sabia do assunto.
Comecei a pesquisar as rotinas de escritories famoses e vi que o Sanderson estava certo. Cada pessoa via a escrita de uma forma: faziam seus rituais para escrever ou escreviam sem preparo algum; planejavam a história nos mínimos detalhes ou iam apenas com uma ideia e um sonho.
Foi então que percebi que não havia regra absoluta (única exceção é que toda pessoa que escreve DEVE ler e escrever). A escrita não é um trabalho de escritório onde você tem uma pilha de relatórios para assinar e enviar para a chefe. Não é uma fábrica onde você precisa apertar parafusos. Trabalhar com escrita exige seu corpo, mas também sua mente; exige sua razão, mas principalmente, sua emoção. É um trabalho que requer tudo o que você tem. Por isso, a experiência com a escrita muda muito.
Como a última newsletter teve uma excelente repercussão, (foi a NL mais vista até hoje! Se você não viu, só clicar aqui) decidi expandir a conversa e trazer para você outras visões de escritoras que escrevem formatos e gêneros diferentes dos meus. É incrível ver como a relação escritore-escrita é pessoal e única.
Ser escritora é direção.
É a direção que eu preciso para chegar onde eu quero: me profissionalizar como escritora. Além de, claro, poder dar vida a personagens, mundos e as vozes insistentes na minha cabeça. Ser escritora é andar por aí e imaginar possíveis histórias em tudo o que vejo e me emocionar com os surtos e feedbacks dos leitores.
Ainda assim, não é tão simples me ver como escritora. Não é fácil dizer: eu sou escritora. Principalmente quando me cobram e perguntam do meu plano B, caso a escrita não dê certo. Sempre achei essa pergunta injusta, pois, ninguém pergunta para um médico se ele tem um plano B. Mas é como um amigo disse: o plano B é fazer o A dar certo.
Também é difícil me ver como escritora quando me dedico e me esforço e nunca sou notada. Ou quando parece que estou falando sozinha. É frustrante se dedicar tanto e não ter retorno. Principalmente quando parece que só eu não conquisto minhas metas. Quando parece que todo mundo consegue, menos eu.
Mas, acima de tudo, ser escritora é persistir. É seguir firme naquilo que almejo, para lá na frente, eu me orgulhar do caminho que percorri.
Analu Teodoro - escritora de romance dramático
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Por muito tempo, na minha cabeça, ser escritor era sinônimo de publicar livros. Hoje, vejo que vai muito além da publicação tradicional, e até do formato no qual se escreve/publica. Eu me encontrei nos contos, um gênero narrativo menos aclamado, mas que deu o start na minha vida de escritora, na minha carreira. Por isso, de mais ou menos três anos pra cá, desde que comecei a me dedicar ao objetivo de ser escritora, consigo me ver assim, independentemente do que escrevo e do formato em que escrevo. Para mim, basta eu estar escrevendo!
Entender que ser escritor não é se encaixar em uma determinada caixinha (a caixinha mais popular, mais comum, dos romances longos e dos livros publicados por editoras, disponíveis em livrarias tradicionais) me causou uma super libertação. E não tem nada melhor do que quando, finalmente, conseguimos nos ver pelo que somos de verdade!
Paloma Hoover - escritora de contos de fantasia
Pra fechar essa newsletter com participação dessas escritoras incríveis, minha visão sobre o assunto. (Claro que eu ia dar meus 20 centavos sobre isso. Nem amo falar sobre escrita, imagina!)
Ser escritor é mais do que ordenar frases. É mais do que criar histórias. É enxergar o mundo, processar o que vemos e cuspir de volta com nossas palavras, crenças e opiniões. É olhar para uma árvore balançando e guardar aquela imagem em algum canto distante pois você sabe que pode ser útil no futuro. É buscar nas próprias vivências, material que dará vida a personagens.
Não é fácil se ver como escritor. Às vezes demora. Mesmo depois de 5 livros publicados, ainda me vejo como uma farsa de vez em quando. Tem dias que acordo e penso que não sou bom o suficiente ou que fulane tem mais técnica, ritmo ou experiência que eu. É preciso um trabalho constante de autoafirmação. É preciso entender que nos entregamos e nos mostramos em nossas histórias.
Ser escritor é construir mundos na cabeça das pessoas. É abrir o seu mundo para visitação.
Rafael Isidoro - escritor de literatura fantástica com foco no terror
Muito obrigado por ter chegado até aqui. Espero que essas visões sobre escrita ajudem você ampliar ainda mais a sua própria.
E se você gostou, compartilha para mais pessoas refletirem sobre esse assunto!
Até o futuro! 💜
Ah, que lindo! E edificante! Gostei muito de ter participado, foi um prazer! 🌻✨