#31 - o dia mais complicado do ano
fica feliz, fica preocupado, fica feliz, fica preocupado, fica...
É a sétima vez na minha carreira de escritor que chego nesse momento tão aguardado (e temido): lançamento de mais um livro.
Hoje, depois de quase 15 meses depois de ter a ideia da história que, desde o inicio, eu chamei de brinquedos, finalmente chegou o momento de mostrar ao mundo o Orfanato dos Brinquedos Esquecidos.
E, como sempre acontece nesses dias, estou muito feliz e preocupado.

De um lado, alegria
É claro que estou animado. Toda história que eu publico passa por um crítico severo (eu mesmo, ou chame de vozinha da autosabotagem) e, se estou permitindo que ela abra suas asas e voe para lugares desconhecidos, é porque eu acredito muito nela. Sei que foi o melhor que eu poderia fazer.
Claro, ver a reação animada/emocionada das betas também ajudou muito a calar a vozinha chata dentro de mim que fica colocando dúvidas se as pessoas irão gostar. A minha revisoria (Paloma Hoover, faz mágica no Google Docs) chegou mesmo a dizer que é a melhor história minha que ela leu.
Além disso, eu sei que a história saiu do jeito que eu queria. Consegui usar o sobrenatural do jeitinho que eu gosto de trabalhar nos meus livros, fugindo do estereótipo do espírito maldoso. Pra fechar, tem elementos do bizarro em diferentes camadas que vai deixar as pessoas divididas sem saber dizer se achou algo creepy ou fofo. Por isso sei que minha tarefa foi concluída.
Do outro lado, o medo
Se você trabalha com arte, vai entender o que quero dizer.
Apesar de acreditar muito na minha história, sabemos que ter um bom livro não basta. É preciso fazer um trabalho hercúleo de marketing, estar em todas as plataformas, falar da sua história à exaustão e ainda fazer isso de uma forma divertida, criativa e inovadora. Juro para você, escrever o livro acaba sendo a parte mais fácil.
Tá, mas de onde vem o medo?
Bom, eu decidi, no final do ano passado, parar de produzir conteúdo nas redes sociais. A Estufa Artística foi o único refúgio que restou. Abri mão de IG, TikTok, LinkedIn, Twitter e do Threads (socorro, só agora listando que percebi o tanto de redes). Eu estava exausto. Não aguentava mais fazer posts e pensar o tempo todo com a chavinha de marketing ligada. E dar essa pausa me fez um bem enorme. Comecei a estudar piano, estou lendo e escrevendo mais, me sobrou tempo até para completar a pokedex no Pokémon Scarlet. Mas é óbvio que isso tem um preço.
Muita gente parou de me seguir, as que ficaram, quase não recebem os posts que faço do lançamento porque o algoritmo não entrega mais. E como o mundo hoje funciona baseado em algoritmos, fica o medo do famoso flop.
Não sou ingênuo, já passei por flops antes (aquele tipo de experiência que eu preferia não ter kkrying), sei que faz parte, especialmente se você produz arte um pouco mais nichada. Porém, não dá pra racionalizar os medos. Fica sim um cagaço de que a história que eu gosto tanto não vai chegar em tanta gente assim. Infelizmente, faz parte do pacote artista independente.
Então como passar por esse dia?
Em meio a esse caos de fica feliz, fica preocupado, desenvolvi um jeito diferente de lidar com a situação: me ocupar ao máximo durante o dia.
Não sei se é algo muito recomendado, mas para mim funciona. Na hora de escolher o dia de lançamento, coloquei em uma sexta, pois eu sabia que passaria a tarde toda fora na aula de piano. Isso já é uma ajuda gigantesca e me obriga a ficar longe do computador dando F5 na página de vendas (um comportamento nada saudável, não faça isso em casa, crianças).
Dessa forma, o lado da alegria consegue se sobrepor ao medo e chego inteiro no dia do pós lançamento.
Só para calar a voz do marketeiro que existe em mim
Se eu não falar um pouquinho do livro nesse vasinho de planta, sinto que vou colapsar, mas para poupá-los, não vou falar de enredo (isso você pega na sinopse).
Orfanato dos brinquedos esquecidos é aquele tipo de história que você precisa parar para respirar depois que termina a leitura. Sabe aquela sensação de falta de ar após ler algo que te deixa meio sem rumo? É por aí.
Acho que a semente dessa ideia sempre esteve em mim, mas foi assistindo a filmes do Guilherme del Toro (especialmente A espinha do Diabo) que encontrei o tom que eu tava querendo. Gaiman também me ajudou muito a entrar na mente dos brinquedos (sim, os personagens são os brinquedos) e devo agradecimentos a outros filmes que não posso citar, pois podem dar uma dica do plot de ODBE.

Caso queira ler escutando a playlist que montei para o livro, já sabe o que fazer (fala sério, escritore independente faz tudo!).
Pessoas incríveis ajudam nesse processo
É claro que a gente nunca tá sozinho. Ao longo dos anos, consegui construir uma base de leitores que eu sei que vão comprar o livro e, MUITO MAIS importante, irão ler a história. No fim das contas, é pra essas pessoas que escrevo. Aos pouquinhos, essa base aumenta e vou tendo novos incentivos para publicar os próximos.
Por hoje é só. Já estou na expectativa (e medo) para o oitavo lançamento, porque as ideias não param de chegar (ainda bem haha).
muito obrigado por me ler até aqui! se ficou interessade na história de ODBE, hoje é um ótimo dia pra comprar =p
e me conta depois o que você achou! Vou adorar ver sua reação 💜
Rafael, parabéns pelo livro!!!!
Que ele faça um bom caminho nessa estrada literária.
Parabéns pelo livro, imagino o turbilhão de sentimentos que você esta sentindo! Te desejo muito sucesso!