# 23 - o dia que conheci um mestre zen disfarçado de afinador de pianos 🌷
ou o que vc fez pelos seus sonhos hoje?
esse é um vaso de planta ornamental! aproveite para ver a beleza escondida no cotidiano
UFMG, 2019.
eu fazia parte da comissão organizadora de um workshop sobre tecnologia limpa (mds, parece uma outra vida) quando aconteceu uma cena até engraçada que me tirou do rumo. tinha sido um dia muito cansativo, e eu e outras duas organizadoras estávamos lanchando em uma sala do CAD 3 próximos a um piano. eis que chega um cara e fala que veio ali pra afinar o instrumento. no meio do processo de afinar corda por corda (a gente às vezes nem para pra pensar, mas sim, o piano é um instrumento de cordas), eu me levanto e me aproximo para puxar papo com o cara. solto então a frase que geraria a resposta que eu nunca mais esqueceria:
— nossa, meu sonho aprender tocar piano.
— mesmo? e o que você tem feito para realizá-lo?
foi assim, na lata, como se fosse um mestre zen buscando a iluminação do discípulo.
não saí iluminado (além da iluminação das lâmpadas do lugar), mas a pergunta dele realmente me fez pensar.
era mesmo um sonho?
tá, vamos nomear as coisas pelos nomes certos. eu não tenho o sonho de tocar piano. nunca foi. tenho, sim, alguns sonhos e estou trabalhando para torná-los realidade. piano foi, desde cedo, uma vontade grande, mas não algo com o qual eu queria me aprofundar ou encarar logo cedo. caso você não saiba nada do assunto, aprender a tocar bem um instrumento exige muito tempo, e o piano não é um dos mais fáceis. com tanta coisa pra me preocupar (emprego, vestibular, faculdade, mestrado, escrita) não sobrava muito tempo para encaixar essa vontade que eu tinha. eu tinha os meus hobbies, nunca abracei a ideia de produtividade tóxica, mas para encaixar o piano, precisaria retirar algum outro lazer. e sendo bem sincero, aprender a ler partitura não era algo que eu estava disposto a fazer após chegar em casa depois de um longo dia de serviço. sem tempo, irmão.
então sempre empurrei. o famoso “ano que vem vou ter tempo e começo”. essa é uma das maiores mentiras que a gente conta.
se você tá curtindo o papo, que tal se inscrever para receber o próximo vaso de planta direto no seu e-mail?
por que agora?
de uns meses pra cá, toda vez que entro no youtube, acabo terminando assistindo algum vídeo de música clássica. não importa como chego, sério, de alguma forma eu vou pra esse caminho. apenas para ilustrar, ontem eu fui rever o MV de wife do (g) i-dle e terminei vendo um arranjo de clair de lune para violão clássico. sim, that’s me.
com isso, começou a voltar na minha memória as horas infinitas que eu ficava assistindo pessoas tocando as mais diversas músicas no piano. e não sei se você sabe, mas TUDO fica perfeito nesse instrumento. duvida?
e aí o pensamento começou a voltar. eu estou com uma rotina ok, já adaptada. trabalho em casa, não gasto tempo com transporte público diariamente. acho que seria difícil chegar um momento onde eu estivesse com uma condição melhor para iniciar. aí, para dar o empurrão que eu meio que precisava, o
fez uma newsletter incrível sobre os hobbys não comercializáveis que me levou de volta ao pensamento de dar uma chance para aprender algo que eu tanto gosto.já tenho a fic pronta na minha cabeça de fazer serenatas para lua em toda primeira noite de lua cheia. imagina, acender um incenso e tocar clair de lune? (brem bruxesco, ele).
então assim, se não for agora, quando?
você vai mesmo começar algo novo sem terminar o que tá na metade?
parece voz de mãe, né? mas essa é apenas uma das vozinhas que gritaram quando eu comecei a pensar seriamente nessa ideia. eu fui conversar sobre isso com a alice, uma amiga minha que também toca, e ela me solta algo que me deixa preocupado:
parece brincadeira, mas se eu começar a listar as linguagens que tentei aprender nos últimos dez anos e falhei… vai desde mandarim até C# ~risos nervosos. prefiro pensar que ainda não falhei com coreano porque não desisti.
porém com partitura vai ser diferente, ou pelo menos, é o que tenho dito para mim mesmo. preciso esperar sobrar uma graninha pra comprar um teclado (pensei que sobraria esse mês, mas fui tombado).
a questão é que já tenho 33 anos. vou enrolar até chegar aos 40 pra fazer algo que quero desde os 15? os pensamentos utilitaristas já me fizeram postergar esse momento por tanto tempo, é simplesmente ridículo adiar mais.
não vai ser fácil, mas tô animado com a possibilidade de um dia tocar chopin (meu compositor favorito). o que isso vai servir na minha vida? bom, para muitas coisas. vai ser uma válvula de escape, vai me distrair, pode ajudar a estimular minha criatividade, além de ser um ótimo exerício para o cérebro. vai me trazer retorno financeiro? não, mas não estou aprendendo a tocar com esse objetivo, pra início de conversa.
esse vaso de planta não tem um objetivo muito elaborado por trás. esse é apenas um assunto que tem ficado presente por bastante tempo na minha mente e decidi trazer para você. quero, inclusive, aproveitar para te fazer a mesma pergunta que o afinador de piano-mestre zen fez para mim 5 anos atrás (mds, já tem esse tempo todo).
o que você tem feito para realizar os seus sonhos?
muito obrigado por ter separado um tempo para cuidar desse vaso de planta ^^
e se você domina a arte mágica de ler partiuras e quiser me dar umas dicas, me chama pra gente trocar uma ideia!
compartilhe pra mais pessoas darem carinho a essa plantinha 🌿
até o futuro! 💜
É como diz a música: “não deixe nada pra semana que vem, pq a semana que vem pode nem chegar”! Essa reflexão deu uma chacoalhada por aqui também! Boa sorte com a partitura!
Bacana, Rafael!
Se ficar enrolado com partitura (é um idioma de poucas letras, vai dar certo!), pega "cifra pra teclado" que é mais simples de visualizar.